Caracterizada por febre alta e dores no corpo, a dengue preocupa especialmente quando atinge alguém com o sistema imunológico fragilizado, o que acontece durante a gravidez. Mas qual o tamanho do risco que esse vírus representa para as gestantes e quais complicações pode provocar?
Para responder esta pergunta, recorremos a um documento da Organização Pan-Americana da Saúde (Paho) que contém orientações específicas sobre a doença para a população das Américas. Um dos capítulos é dedicado exclusivamente às chamadas condições especiais, que incluem problemas crônicos (diabetes, câncer etc), velhice, infância e, claro, a gestação.
Os autores relatam que engravidar não é um fator de risco para contrair a dengue. Por outro lado, essa fase da vida demanda cuidados específicos em caso de contato com o vírus. Toda grávida infectada, por exemplo, precisa permanecer em observação até a hora do parto, independentemente do momento em que foi picada pelo Aedes aegypti ao longo dos nove meses e da gravidade dos sintomas.
Um dos grandes problemas nesse grupo é a possibilidade de hemorragia, uma complicação conhecida da enfermidade. Ao tentar conter a invasão, nosso próprio sistema de defesa pode destruir as plaquetas, que são as células responsáveis por coagular o sangue (e, portanto, estancar ferimentos).
Aí que está: se os sangramentos provocados pela ausência de plaquetas já são perigosos em uma pessoa saudável, em uma gestante ainda podem causar aborto ou nascimento prematuro.
Até a escolha do tipo de parto também é influenciada pela dengue. Ora, como toda cirurgia, uma cesárea envolve perda de sangue. Só que isso, somado a eventuais hemorragias ocasionadas pela infecção, às vezes põe a vida da mulher em risco.
Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), publicado em 2018 no periódico científico Scientific Reports, indica um risco três vezes maior de grávidas atingidas por esse vírus falecerem ao longo dos nove meses e no puerpério.
Os autores não encontraram uma razão para esse dado na pesquisa, mas sugerem que as mudanças no organismo típicas dessa fase e possíveis contratempos — a eclâmpsia, por exemplo — acelerariam o avanço da dengue e esconderiam seus sinais iniciais, dificultando o diagnóstico precoce.
De resto, tanto sintomas, tratamentos e métodos de prevenção são os mesmos do resto da população. E uma boa notícia: quando detectada nos primeiros passos e tratada, a dengue dificilmente vai dificultar o curso normal da gestação.
O recado que fica é procurar um serviço médico ao sinal de qualquer anormalidade e seguir as boas e velhas orientações para evitar a proliferação do Aedes aegypti e se proteger das suas picadas.
Dengue passa da mãe para o bebê?
Não, a dengue não é transmitida para o feto durante o parto e os casos de malformação são raros. Ah, e mesmo se a mulher for infectada após o nascimento, a amamentação deve acontecer normalmente.
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