Em entrevista,professora da UENF fala sobre abertura das Lagoas de Iquiparí e do Açu

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Em entrevista,professora da UENF fala sobre abertura das Lagoas de Iquiparí e do Açu

Confira a entrevista completa na íntegra

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18/01/2022 às 12h49 18/01/2022 às 12h53

Reprodução
Confira a entrevista completa na íntegra

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Em entrevista a rádio Band FM Campos nesta última segunda-feira (18) a professora em biologia da UENF, Doutora Marina Suzuki, falou a respeito da ação de abertura das Lagoas de IquiparÍ e do Açu, na localidade de São João da Barra.

1)A abertura das lagoas de Iquipari e do Açu provocou um desastre ecológico de grande monta na região?

Com a abertura das barras das lagoas, neste momento em que estamos num período de cheia, temos a descarga de uma grande quantidade de água que estava armazenada nestas lagoas para o mar. Com esta descarga temos o arraste não somente de água e sedimento, mas também de animais e plantas que estavam se desenvolvendo no interior destas lagoas. Boa parte destes organismos, bichos e plantas, estão adaptadas às águas salobras, e o encontro com a água do mar causa a morte destes organismos por choque osmótico. Além disso, os que restam no interior da lagoa podem ficar presos em poças nas margens que vão ficando cada vez mais expostas devido à diminuição do nível da lagoa. Com pouca profundidade, estas poças aquecem rapidamente sob o sol, provocando a morte daqueles que ficar presos. Nas margens, vemos especialmente a morte de plantas aquáticas por exposição ao sol. Até mesmo a taboa, se ficar exposta por muito tempo, morre nestas margens. Após a saída de grande parte da água do interior da lagoa, estabelece-se o equilíbrio com o mar, e nos momentos de maré enchente e cheia vemos a entrada de água do mar, aumentando a salinidade da água na lagoa e provocando mais morte de peixes, especialmente aqueles associados aos ambientes mais doces.  E um detalhe, a lagoa de Iquiparí foi aberta há exatos seis meses. As larvas e alevinos de pescado (camarões, siris e peixes marinhos) que entraram na lagoa nesta última abertura estavam em fase de crescimento. Estes também foram levados com a água da lagoa para o mar, ou seja, se houve aumento do pescado pela última abertura, esta foi perdida agora. Então, em resumo, temos impactos tanto na alteração da salinidade da água na lagoa, temos impactos também na biodiversidade e na biomassa dos organismos que estavam na lagoa. A lagoa do Açu foi aberta também há pouco tempo.

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2) Às unidades de proteção do Açu e de Iquiparí foram consultadas previamente?

Haveria uma reunião no dia 13 passado, com o INEA, as autoridades municipais e as unidades de conservação RPPN Caruara e PELAG, mas esta não aconteceu e fomos comunicados sobre a autorização para as aberturas de barra nas lagoas do Açu e Iquipari, que aconteceram neste mesmo dia.

3) Se consultadas, qual seria a posição delas, no seu entender?

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A minha posição era avaliar os níveis das lagoas, a capacidade de drenagem dos canais Quitinguta e São Bento e o nível do lençol freático. Mesmo com o rompimento do dique em Barcelos, minha avaliação é que se os canais São Bento e Quitinguta tivessem a capacidade de escoamento livre, não haveria necessidade de abrir as barras, exceto se a previsão de chuvas mantivesse a calha do rio Paraíba do Sul em cotas de transbordo por longo tempo (mais de uma semana). Hoje a cota do rio Paraíba está abaixo de 8m, tendo diminuído mais de dois metros em menos de cinco dias.  Em mantida a necessidade de abertura das barras, ações deveriam ser tomadas pelas instâncias competentes: 1- proibição de pesca tanto na barra quanto no interior da lagoa; 2 - fiscalização 24 horas; 3 - limpeza das margens, para retirada de matéria orgânica (peixes e plantas mortas), pois se deixadas no local, a sua decomposição afeta a qualidade da água depois do fechamento da barra e; 4 - compromisso para a normatização do processo de abertura das barras das lagoas de Grussa?, Iquiparí e Açu.

4) Com as Lagoas abertas, quais são os principais ricos para a flora, fauna e pescadores?

Os riscos foram  abordados na resposta 1 - exportação para o mar de grande parte da fauna e flora da lagoa; mortandade de organismos adaptados à águas doce/salobra com a entrada de água do mar; exposição e morte de organismos de margem com a diminuição do nível d`água. Se por um lado os organismos de água doce/salobra são bem prejudicados, a abertura de barra pode representar uma renovação do estoque pesqueiro, especialmente de origem marinha (camarão, siri, robalo, tainha...). Entretanto, a abertura de barra com intervalo pequeno (menos de dois anos) pode representar a descarga deste pescado no mar.

5) na sua avaliação o Inea cedeu a pressão política?

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Não vou comentar, pois não presenciei como foi dada a autorização para as aberturas de barra.

6) Existe um estudo de manejo desse conjunto, que envolve as lagoas, os canais e o mar para evitar novas aberturas danosas?

Há um grupo de trabalho instituído no Comitê da Baixa Paraíba do Sul e Itabapoana que iniciou o trabalho para a normatização dos processos de abertura de barra nas três lagoas costeiras da região: Grussaí, Iquiparí e Açu. Este trabalho foi interrompido pela pandemia, mas esta situação de abertura emergencial nos mostrou que é urgente a retomada da discussão e a elaboração da normativa.

7) Os biólogos pretendem se encontrar com a direção do Inéa pra discutir medidas que possam mitigar os danos causados?

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O INEA já faz parte do Grupo de trabalho a que me referi na resposta seis.

Aúdio disponível do topo da matéria 

Fonte: Alfredo Soares

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