A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou na terça-feira (03/12) a venda de produtos à base de cannabis para uso medicinal no Brasil, mediante prescrição médica.
O tipo de prescrição médica indicada para cada tratamento vai depender da concentração de tetra-hidrocanabidiol (THC), que é o principal elemento tóxico e psicotrópico da planta, ao lado do canabidiol (CBD), conhecido por seus efeitos analgésicos e anticonvulsivantes.
Estudos científicos já mostraram como essas duas substâncias atuam na redução de crises de epilepsia e dores crônicas. No entanto, o uso dos derivados de maconha para outras condições, como enxaqueca e Mal de Parkinson, por exemplo, ainda precisa ser estudado mais a fundo.
Por isso, entidades médicas como Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) se posicionaram contra a regulamentação do plantio de cannabis no Brasil. Já a agência reguladora de medicamentos norte-americana (FDA) autoriza, desde junho de 2018, o uso de CBD no tratamento de epilepsia.
Indicações médicas
As principais indicações médicas dos produtos derivados de cannabis são para tratar:
• Crises epiléticas, especialmente em crianças
• Dores neuropáticas
• Náuseas decorrentes de quimioterapia
• Sintomas do autismo
• Agitação noturna em pacientes com demência
• Espasmos decorrentes da esclerose múltipla
Segundo Alexandre Kaup, neurologista do hospital Albert Einstein, esses são os usos "comprovadamente eficientes" das substâncias CBD e THC.
Além dessas utilizações, também há estudos preliminares que trazem indícios de que o CBD e o THC têm efeitos positivos para controle de:
• Mal de Parkinson
• Alzheimer
• Enxaqueca crônica
• Sequelas de Acidente Vascular Cerebral (AVC)
• Glaucoma
• Ansiedade
• Artrite
Para Kaup, ainda faltam estudos com grande amostragem de pacientes para comprovar que os derivados de maconha também podem ser usados no tratamento dessas doenças.
Segundo o analista de desenvolvimento regulatório e projetos científicos da HempMeds Brasil, Gabriel Barbosa, a maior parte das importações de substâncias derivadas da maconha para tratamento são as do óleo de canabidiol, que contém tanto CBD quanto uma pequena quantidade de THC.
"Trata-se de uma mistura de um óleo integral com o extrato da planta", explicou. "Os canabinoides são lipossolúveis, o que significa que se diluem na gordura, e não na água. E é um produto que não tem somente o CBD, mas mais de 500 componentes."
Com esta forma de extração, o canabidiol atua em conjunto com outros componentes para melhores resultados. "Além das propriedades do CBD, há na solução flavonoides, que têm efeitos anti-inflamatórios", ressaltou Barbosa.
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